30 de setembro de 2010

dura praxis sed praxis

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Hoje, vesti preto. Saí de casa de saia e casaco, camisa e gravata, collants e saltos. E ainda uma capa de alguns quilos atrás. E valeu tão a pena.

Confesso que, talvez naturalmente, no meu ano de caloira não achei piada nenhuma a esta brincadeira. Mas do outro lado.. está a passar por mim um leve rasgo de compreensão para com os patrões operários pós-25 de Abril. Muito leve mesmo e.. já passou.

Dói-me a garganta de tanto gritar, doem-me os pés de tanto andar, dói-me a cara de tanto rir. E ainda hão de doer mais vezes, vestir preto é para mim.

Morte ao caloiro, o caloiro vai morrer.

29 de setembro de 2010

o tempo pergunta ao tempo

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Quanto tempo o tempo tem?
E o tempo responde ao tempo
Que o tempo tem tanto tempo
Quanto tempo o tempo tem.

28 de setembro de 2010

ódios do dia

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Odeio greves, manifestações e ainda revoluções.
Odeio o ranger de escadas em horas paradas.
Odeio gente que cospe no chão e ainda limpa a boca à mão.
Odeio homens animais, odeio tudo o que está a mais.
Odeio se há vontade sem haver reciprocidade.
Odeio donzelas em apuros e príncipes que por elas saltam muros.
Odeio que Fernando Pessoa morresse virgem sem saber que as mulheres também fingem.
Odeio que um salto alto se estrague no asfalto.
Odeio um mar sem lavagantes para apanhar.
Odeio que num maço, para um isqueiro não haja espaço.
Odeio amores que não provocam calores.


Odeio odiar, sem sequer tentar gostar.

27 de setembro de 2010

fml wars: episode II

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São 9 e meia da manhã de uma segunda-feira e eu estou acordada. Sim, as aulas começaram. Não, não tenho por hábito comparecer a cadeiras que tenham início antes das 10 . É a primeira aula do primeiro dia de aulas, e há qualquer coisa de estupidamente imoral em não comparecer a este momento.

Vim a viagem toda para cá a pensar em como este ano seria melhor. Acabaram-se os meses de choro, depressão, comer compulsivamente e olhar tristemente para a rua lá fora com o cabelo por lavar e os cantos da boca sujos de oreos, de livros espalhados no chão e um pai que grita que melhor mesmo seria eu ir servir imperiais nalgum lado. Que provavelmente até seria.

Diz que afinal não. Uma pessoa entra nisto, até se sente feliz, passa meia hora e dá conta que é a única sem pelo menos duas páginas cheias de apontamentos de história islâmica e bizantina da merda da medicina. Sem nenhuma página, realmente. Mas ao menos voltei a escrever no blogue, han? Hajam prioridades nesta vida. É porém reconfortante perceber que conforme os quartos de hora vão passando há bastantes aderentes a esta minha prática de não escrever rigorosamente nada em tempo lectivo, para além de extensas prosas em tom de diário. A segunda fase deste processo de desatenção constitui em jogar exaustivamente à forca até um dos pobres coitados ao meu lado desistir. Mas o João raramente desiste, cromo.

Este ano não vai ser melhor, vai ser exactamente igual.

E isso nem é muito mau.

16 de setembro de 2010

ó pai,

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Vá lá!