5 de junho de 2010

pesadelo de uma exilada numa noite de monção

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Era uma vez uma menina chamada Mafalda. A Mafalda sempre foi uma criança saudável, crescendo feliz com os seus pais e avós em Azeitão. Nunca deu problemas até ter ingressado num colégio privado perto de sua casa, onde toda a sua vida mudou. 

Foi no colégio que a Mafalda começou a perceber que afinal era mais giro brincar à apanhada com os rapazes do que com as raparigas, situação que lhe trouxe variados problemas, excepto nas notas. A Mafalda sempre teve boas notas. Foi ainda no colégio que ela conheceu o seu melhor amigo, o Professor de Biologia. Para a Mafalda, o seu professor sempre foi mais que um amigo, mas devido à enorme diferença de idades verificada nunca pode verdadeiramente confessá-lo, jocando apenas com o assunto. Ao longo dos anos a amizade avançou de um simples "dar bem" entre aluno e professor para uma troca imensa de diversos tipos de afectos, como dar 20's nos testes, trocar guloseimas e ainda falar pela internet. Foi assim que a Mafalda ficou com 20 a Biologia. 

A vida libidosa activa da Mafalda prolongou-se durante os seus 6 anos no colégio, atingindo assim um patamar de elevada satisfação entre os homens, com os quais vivia e compreendia bem.

Um dia a Mafalda acabou a escola e entrou na faculdade. Como tinha muito boas notas, entrou em Medicina, tal como os seus pais queriam. Os pais da Mafalda eram os dois médicos, e a Mafalda achava que também queria ser. Assim, começou o seu primeiro ano, onde percebeu de imediato que aquilo não era vida para si. A única coisa que lhe interessava era o álcool e os homens. Se bem que os homens começaram a deixar de ser interessantes. A Mafalda começou a arranjar muitos problemas com eles e a ter uma vida amorosa desgraçada. Ainda assim, o antigo professor de Biologia continuou sempre do seu lado, eterno melhor amigo. 

Chegado o fim do primeiro ano de faculdade a Mafalda chumbou num exame muito importante, na disciplina de Anatomia, onde atingiu o fundo, percebendo que tinha de mudar de vida. Informou os pais que ia desistir do curso, mudando-se para Literatura, notícia que não foi bem recebida. Assim sendo, a Mafalda revoltou-se com o mundo, entrando de facto para o curso que queria mas com o eterno desgosto dos pais, que a deprimiu. 

Em literatura, a Mafalda reparou que havia uma enorme população de lésbicas naquela área. Tendo já tido contacto feminino raro e experimental na sua vida, a Mafalda começou a achar que era bissexual, envolvendo-se com inúmeras raparigas do seu curso, já que nas populações homossexuais o conceito de monogamia não é tão fortemente defendido como nas heterossexuais. 

Ainda assim a Mafalda não conseguia deixar de pensar no seu professor de Biologia. Com o passar dos anos a Mafalda tornou-se numa mulher bem constituida, algo que não passava despercebido ao seu professor, e este continuou o homem alto, moreno, e atraente que sempre foi. Porém, ela sabia que todos os avanços seriam inúteis, pois o professor nunca a amaria.

Com isto, a Mafalda continuou a sua jornada bissexual, chegando ao ponto de se tornar apenas lésbica. A Mafalda odiava todos os homens à face da terra. A Mafalda acabou por se apaixonar por uma colega sua, a Consuela, uma espanhola emigrada em Portugal, com quem foi viver com o intuito de ser feliz para sempre.

Passados 5 anos de vida conjunta, a Mafalda e a Consuela quiseram criar família juntas. Sendo impossível a fecundação entre duas mulheres, a Mafalda contactou o seu querido professor de Biologia para ser este o pai da criança. O professor rapidamente acedeu, tendo porém decidido que o depósito seria feito de forma não natural, para não haver nenhuma traição à Consuela. Ambos tomaram esta decisão como uma desilusão, pois ansiavam, principalmente a Mafalda, por um contacto amoroso que nunca tinha desvanecido.

16 anos se passaram e a Mafalda era feliz com a Consuela, e o seu filho Sebastião, como o el rei desejado. O professor de Biologia nunca perdeu o contacto com a sua antiga aluna, tendo-se tornado inclusive como um tio para o agora crescido Sebastião, tomando funções como levá-lo ao futebol, à escola, e ainda a concertos musicais de bandas moderadas Pos-Punk e jornadas de música clássica da Gulbenkian.

Um dia o Sebastião estava em casa, e quis experimentar um jogo novo. A Consuela só gostava de Windows, mas os gráficos do iMac da Mafalda eram muito melhores, então foi a esse que o Sebastião se dirigiu. A caixa de correio electrónico estava aberta, e foi assim que o Sebastião leu uma troca de e-mails entre a sua mãe e o professor de Biologia, onde conversavam sobre este ser o seu verdadeiro pai. Sebastião acreditava que a fecundação entre mulheres era possível, até àquele dia. 

Feito isto, Sebastião pegou na sua mota e dirigiu-se a casa do professor, que viva ali perto. A sua condução era raivosa e descuidada, e sendo assim teve um acidente com um Mazda MX5 verde escuro descapotável.

Sebastião ficou deitado imóvel no chão, quando de repente viu Mafalda sua mãe a olhar para si. Tinha sido ela a bater-lhe. A Mafalda que ainda se lembrava das aulas de SBV do primeiro ano de medicina salvou o filho. Este contou-lhe que sabia toda a verdade, e escapuliu-se na mota para ir confrontar o Professor, sendo que a Mafalda foi a correr atrás dele. A correr de carro.

Em casa do professor, este teria pressentido que algo estava mal, tendo assim um AVC no chuveiro. Quando a Mafalda e o Sebastião chegaram a casa do professor, encontraram a Consuela nua na cama e a porta da casa de banho trancada com a água a correr lá dentro. A Consuela tinha ido ao computador da Mafalda depois de o Sebastião ter de lá saído e ficou tristíssima por descobrir que a Mafalda não a amava, e que continuava muito heterossexual por dentro e com desejos pelo seu professor de infância. Numa tentativa de irritar a Mafalda, tentou então fingir que tinha um caso com o professor, mas a Mafalda não acreditou ser possível, atirando-se com raiva à Consuela e matando-a com uma pancada no nervo auricular, ramo do plexo cervical.

Como a Consuela era uma imigrante espanhola ilegal, Mafalda enterrou-a pois ninguém ia reclamar a sua ausência. Enquanto isso, Sebastião, que adorava o professor, encontrou-o no chão da casa de banho e conseguiu chamar o 112 a tempo. 

No hospital, o professor acorda e vê-se rodeado pelo Sebastião e a Mafalda. Esta confessa-lhe que sempre o amou, que a Consuela está fora do caminho e que o Sebastião sabe de tudo. Beijam-se apaixonadamente, não podendo porém consumar o seu amor ali mesmo, pois o professor tornara-se impotente desde o dia em que doou o seu esperma à Mafalda. Sebastião espreitou o beijo dos pais pela porta do quarto do hospital mas ficou contente, perdoando-os pela mentira. Sebastião nunca gostou muito da Consuela por ela ser uma emigrante, portanto sofreu pouco com a sua perda.

Como uma família feliz, o Sebastião a Mafalda e o professor foram todos viver juntos. Um dia, o professor confessou ter uma filha de uma porca que tinha engravidado, nos tempos que era professor da Mafalda, e que gostava de a apresentar. A Mafalda não ficou muito chateada e concordou e o Sebastião ficou entusiasmado por conhecer a sua meia-irmã. Chegada Maria, a rapariga, a casa da família feliz, cruzou olhares com Sebastião e reparou que.. este era o seu namorado. Sebastião não levava as namoradas a casa porque lá não podiam ter sexo à vontade, mas no seu Honda já podiam. Sebastião desatou a chorar mal viu que o seu amor era a sua meia-irmã. A Mafalda e o Professor ficaram meio abananados com a situação. Mandaram Maria embora e deixaram o Sebastião em paz no seu quarto, a sofrer sossegado. Pela manhã, Mafalda foi ao quarto do Sebastião levar-lhe sumo de laranja e pão com queijo pelo pequeno almoço, e quando abre a porta depara-se com o seu filho enforcado num cabo de rede no candeeiro.

O drama foi demasiado pesado para o casal feliz se aguentar. Assim, a Mafalda e o seu eterno amor, o seu professor de sempre, separaram-se, sendo que este deu sozinho entrada num sanatório, enquanto Mafalda foi para o Uganda, como missionária, vivendo ambos assim até ao fim dos seus dias.




E isto, meus amores, é que é ter uma verdadeira pancada nos cornos.

5 comentários:

Anónimo disse...

Deprimente
Já pensaste arranjar ajuda?!

Anónimo disse...

Sou eu novamente...
Realmente estou a gostar do blogue. Não pelo que escreves mas sim pelos comentários.
Principalmente os anónimos.
Gostava muito de conhecer um que pelos visto já andaste a dizer mal dele que nem falaste uma vez com ele.
Depois de 2 anos sem te ver continua igual. Acério nao mudes e nao procures ajuda que nao é preciso. E nao te admires de um dia nao sofreres uma vingança. Isto de mensagens no blogue é um inico.
Eu cá divirtome. é bom para descarregar as minhas frustações. Não descarrego em ninguem que nao mereça.

Iúri Costa disse...

Não entendi se assumiste a tua pancada nos cornos ou se estavas a referir-te à "Mafalda"...de qualquer modo quero dizer-te que tenho orgulho em conviver com pessoas como tu, com pancadões violentos e profundos no cérebro. Nunca te esqueças que são os malucos que traçam a história da humanidade e com eles se aprende sempre muito mais.

Anónimo disse...

"Acério" = LOL não procures ajuda na gramática não

Unknown disse...

Querido Anónimo,

Sei que não somos nem seremos os melhores amigos, mas já deves ter reparado que apesar de eu ser horrível e só escrever coisas ainda mais horríveis, escrevo-as bem. Assim sendo, presto-te aqui o meu auxílio ortográfico, do qual podes dispor sempre que precisares.

Atenciosamente,
Mafalda