23 de maio de 2010

rosas

| |

Passei a manhã a resumir um capítulo de um livro desinteressante na mesa do jardim. O silêncio reinava até chegar o meu pai e ligar o rádio da piscina na Comercial. Música de merda. Depois chegou o meu avô, e não houve silêncio para mais ninguém. O silêncio e a Histologia foram dar uma curva rápida, de mãos dadas. O meu avô sentou-se comigo à mesa e comentou que as rosas do canteiro estavam bonitas. 

Sabes que nunca me deram rosas Nito? 

Mentira. Num aniversário meu, em jeito de me reconquistares, vieste dar-me uma rosa vermelha à porta. Não serviu de grande coisa, pelo menos naquela altura.

O meu avô ficou parado a olhar para mim. Comentou, e eu bem sei que é verdade, que oferece flores à minha avó numa frequência razoável. Não é que as vá comprar, apenas as rouba dos canteiros dos vizinhos. Mas quem é que quer saber? É bonito na mesma. 

Levantou-se e desapareceu. Continuei a resumir o fascinante parágrafo sobre a formação da dentina nos.. dentes. Que curso tão fácil. Passados cerca de 10 minutos ouço o meu avô a voltar, os passos de alguém que ouves há 19 anos começam a ser facilmente reconhecíveis, e vejo-o a pousar um copo de água cheio de rosas cor-de-rosa lá dentro.




São para ti Neca, para estudares melhor.

0 comentários: