4 de dezembro de 2008

quem é que eu sou?

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Não sei. Nestes últimos anos, na minha adolescência, a minha personalidade foi perdida e achada continuamente, até se desfazer em mil pedaços de vidro. Hoje, eu sou uma mulher partida. Hoje, eu sou a mulher mais irreconstruível do mundo. Em mim, tenho todos os ideias, mas são poucos aqueles a que me consigo agarrar. Tenho o medo inerente de estar mal. E assim, inevitável e inconscientemente, esse mal vai acontecendo, cada vez pior, cada vez mais grave, cada vez mais presente. Queria estar sozinha, mas não o estou. Não consigo. A redundância da minha e de todos condição humana não me permite a solidão que gostaria de ter para mim. Eu viveria bem com os meus livros. Se nunca tivesse conhecido ninguém, nunca sentiria a saudade. Saudade essa que, porém, não se releva apenas nos momentos extraordinários. Eu tenho saudade do desagradável. Saudade do desagradável que eu gerei e controlei. O outro é algo necessário e imprescindível, para o bem e para o mal. Nunca me considerei superior a ninguém. Só diferente. Aliás necessariamnte diferente, não haja dúvida. Se por mal ou bem, não me cabe sabê-lo. Mas por ser diferente e ainda assim humana, eu já errei. Errei. E errei numa dimensão maior de que seria ao humano destinada. Por ser diferente? Provavelmente. Serei mais complexa que os outros? Eu sei lá. Errei de forma tão grandiosa que um novo eu se formou. Eu mudei. Eu caí, aleijei-me e chorei, e a custo levantei-me. Mas levantei-me diferente. Forte. Resistente. Capaz de tudo. Invencível. E durou! Eu fui inteligente, livre, feliz, e comandante de mim mesma, e julguei que para sempre o seria!

Quero só fazer uma pausa no meu discurso. Uma pausa extremamente necessária para que alguém perceba o que eu estou a dizer. Sempre achei que escrever era para mim. Mas afinal não, escrever é para os outros. Nunca nenhuma conclusão me magoou tanto, mas enfim. Amor. Jorram-se lágrimas imensas dos meus olhos enquando estou a escrever isto. O amor é aquela coisa sem sentido a que se deu nome mas não devia. E por a razão mais simples do mundo. O amor não existe. E a existir, seria algo irrealizável. É simplesmente impossivel. Romeu e julieta? Mataram-se uma semana depois de se conhecerem. Assim também eu. Hoje eu posso afirmar que seria a mulher mais sortuda e feliz do mundo, se o amor não existisse. Eu tenho tudo o que é preciso. Tenho todas as portas em aberto. Mas as minhas lágrimas amorosas não me deixam entrar nelas. Enfim. Vou continuar.

Eu julguei, de facto, que sempre seria invencível. A batalha foi dada, e a vitória conquistada. Eu fiz o que tinha a fazer, sofri o devaneio necessário, no momento exacto, para formar a minha personalidade. E ei-la! E hoje? Morreu. Hoje afundei-me com tudo aquilo por que lutei e me tornei. Tudo o que tive e construí até há 3 horas atrás, desapareceu, juntamente comigo. Hoje eu sou cadáver adiado que procria. Lembras-te Fernando? Queria tanto ser como tu. Aguentar-me para sempre. Mas não sou.

E este, caros, é o meu testamento.
O nosso amor morreu, quem o matou fui eu.
Mafalda

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